8.10.25

CRÓNICAS DA TABANCA: A Margarida já ganhou as Eleições.


Eu sei que ela é maluca. Tonta. Diz coisas que não lembravam ao “senhor”, quanto mais ao “diabo”. Sei que não bate bem da tola, mas há tantos aí, de gravatinha e sorriso de plástico, que nem tola têm. Estão vazios, de ideias e projectos, não admitem, sequer, a reconversão. Sair dos limites estreitos da prepotência e arrogância que uma baronesa sem título lhes impôs.

E por isso, fingem. Fingem títulos que não alcançaram, sorrisos que nunca tiveram, práticas e vocações que nunca sonharam. Não sabem trabalhar em equipa, respeitar os outros, eleitos e trabalhadores, descer ao nível simples da alma de cada pessoa e das suas necessidades mais elementares. Nem sequer respeitam os princípios programáticos, a história e a vida democrática dos partidos que dizem representar. Mas, que nunca conheceram, nem conhecem, nem conhecerão. Diz-lhes pouco, quase nada. Importante não é a rosa, é o tacho. A manutenção das mordomias e dos sacos sem fundo, de qualquer cor.  E, à pala de tudo isso, são rudes, mal educados, não respeitam as diferenças, julgam-se os senhores dos tempos medievais. O que não é de estranhar porque a sua mentora-mor adormece a ver castelos e figuras fantasmagóricas a quem puxa, freneticamente, os cabelos.  É uma prática que vem de longe, tal como a fama do brandy Constantino.

Margarida, a tonta, a maluca, a descompensada, mãe solteira e de “olho n´eles” , mulher e cidadã , a quem a vida já pregou milhentas partidas, tem os pés assentes no chão. Sente há anos na pele, o poder nefasto  da mentira, a ruína das promessas não cumpridas, o futuro, tantas vezes exibido como troféu, a fugir-lhe debaixo dos pés. Ama a sua terra, aquela em que nasceu e em que projectou viver. Sentiu, uma vez mais, que este Carnaval eleitoral não iria trazer nada de novo e que o “jogo” estava viciado à partida. Saiu da “casca”, lembrou as lições da política local do professor Jorge Oliveira, seu pai e assumiu que era tempo de alguém enfrentar os vendilhões do templo. Publicou dezenas de mensagens nas redes sociais, alertou as pessoas, incluindo sempre documentos a comprovar o que escrevia. Desmontou mil e uma mentiras, os gastos de milhares de euros sem proveito para a comunidade, as obras faraónicas de uma gestão municipal, produtora de adereços e de efeitos especiais  com nome em inglês, que nada contribuíram para a felicidade dos habitantes do concelho. As obras na Horta da Alameda  a decorrer, sem um projecto coerente e alteradas conforme acorda a sua “arquitectona”, desde há anos, são bem o exemplo desta gestão ruinosa.

As eleições são no próximo domingo. Para além dos resultados e dos votos, elas têm já um vencedor, aliás, uma vencedora: Margarida Oliveira.

Ela batalhou pela verdade, pelos legítimos interesses do concelho, por todos os filhos de Nisa. Ela fez, por si só, o que todos nós devíamos fazer. Todos os dias, todas as semanas, todos os meses. Intervir, questionar, procurar respostas, esclarecer e ser esclarecido. Sugerir as obras e as políticas necessárias e urgentes de que o concelho carece. Sendo certo que o voto é universal e secreto, e que a vontade dos eleitores é soberana, não podem, desta vez, os votantes do concelho, dizer que “não sabiam”.

Não concordando, embora, com algumas das ideias dela, sinto uma felicidade imensa por sentir que ainda há, na nossa terra, quem se interesse pela verdade, desmistifique as mentiras e queira espontaneamente servir a Comunidade.

Obrigado, Margarida!

Mário Mendes

 

7.10.25

MONTALVÃO: Luís Pedro Cruz apresenta “A(r)riscar em Montalvão”


18 de Outubro na antiga Casa do Povo

O arquiteto Luís Pedro Cruz apresenta o seu novo livro “A(r)riscar em Montalvão” no próxmo dia 18 de Outubro pelas 11 horas nas instalações da antiga Casa do Povo daquela localidade do concelho de Nisa.

A edição foi patrocinada pela CCDR do Alentejo, pela “União de Freguesias do Espírito Santo, Nossa Senhora da Graça e S. Simão - Nisa” e pela Junta de Freguesia de Montalvão, e conta com a colaboração da Vamos à Vila – Associação Cultural e Recreativa de Montalvão.

SAÚDE: 2.ª edição do “Dia C: Falamos sobre Cancro da Mama em Comunidade

 


11 de outubro I Evento Dia C

2.ª edição do “Dia C: Falamos sobre Cancro da Mama em Comunidade” reúne a comunidade, especialistas, associações de doentes e marcas de cuidado oncológico num espaço de diálogo sobre cancro da mama

 “Falamos sobre Cancro da Mama em comunidade” é o mote para a 2.ª edição do Dia C, um evento que surge da parceria da AstraZeneca com a ABC Global Alliance, Associação de Enfermagem Oncológica Portuguesa, Breast Cancer in Young Women Foundation, Careca Power, EVITA, Liga Portuguesa Contra o Cancro, Sociedade Portuguesa de Oncologia e Sociedade Portuguesa de Senologia. A iniciativa realiza-se no dia 11 de outubro, a partir das 10h00, na sede da AstraZeneca, em Barcarena, e ainda em formato online. Esta 2.ª edição tem como objetivo criar um espaço de partilha, diálogo e de potenciais soluções sobre os desafios reais enfrentados pelas pessoas com cancro da mama, com foco em temas da vida quotidiana destas doentes.

Com a moderação do oncologista Dr. João Vasco Barreira, o Dia C será um ponto de encontro entre especialistas, doentes, cuidadores, associações de doentes e personalidades. Juntos, iremos conversar sobre temas essenciais na jornada da doença: desde como enfrentar a notícia de um diagnóstico difícil, ao impacto do cancro em mulheres jovens, passando pela sexualidade, a intimidade e a importância de encontrar informação verdadeira e segura.

O cancro da mama continua a ser o tumor mais diagnosticado nas mulheres portuguesas. A taxa de incidência padronizada pela idade é de 143 casos por 100 000 mulheres, um valor que reflete a elevada prevalência da doença e a sua relevância em comparação com outros países da União Europeia¹. Mesmo com os avanços da ciência e da medicina, estes dados lembram-nos da importância de apostar na informação clara, no apoio e na criação de espaços onde quem vive com o diagnóstico possa partilhar dúvidas, experiências e emoções.

Entre os nomes de destaque no Dia C está a Dr.ª Fátima Cardoso, médica oncologista e Presidente da ABC Global Alliance, internacionalmente reconhecida pelo seu trabalho incansável em prol dos doentes com cancro da mama. Ao longo da sua carreira, a Dr.ª Fátima Cardoso tem-se dedicado não só à investigação clínica e científica, mas também à defesa de temas fundamentais como o acesso a cuidados oncológicos de qualidade e a informação credível; o apoio emocional e psicológico; a valorização da experiência dos doentes e o combate ao estigma associado à doença

Em diversas intervenções, a Dr.ª Fátima Cardoso sublinha: “O estigma em torno do cancro da mama, especialmente em fases avançadas, só será vencido com mais diálogo, visibilidade e apoio às pessoas que vivem com a doença.” Refere ainda, em entrevista ao Expresso, que “é preciso continuar a envolver os doentes, famílias, associações e profissionais, para juntos encontrarmos as melhores soluções e caminhos que respondam às necessidades reais e urgentes de quem enfrenta o cancro da mama.”

Como Presidente da ABC Global Alliance, a Dr.ª Fátima Cardoso tem impulsionado iniciativas internacionais que defendem uma abordagem centrada na pessoa, promovendo o envolvimento dos doentes em todas as etapas da sua jornada, a escuta ativa das suas preocupações e a partilha aberta de experiências: “Dar voz às pessoas com cancro da mama, apoiar emocionalmente, escutar e valorizar as suas histórias, são passos essenciais para quebrar o isolamento e construir uma verdadeira comunidade de apoio.”

Tem destacado igualmente que “o acesso à informação verdadeira e compreensível é fundamental, só assim cada pessoa pode tomar decisões informadas e sentir-se mais segura perante o diagnóstico.”

No contexto do Dia C, a Dr.ª Fátima Cardoso afirma: “Outubro é o mês em que damos voz ao cancro da mama, o mais frequente entre as mulheres tanto em Portugal como no mundo”, explica. E sublinha: “Eu apadrinho o Dia C desde a primeira edição porque acredito que é crucial criar um espaço onde possamos aprender, apoiar-nos e partilhar experiências. Tenho muito gosto em convidar-vos a participar presencialmente ou online, no dia 11 de outubro, neste encontro pensado para todos. Juntos podemos fazer a diferença.”

 A agenda contará também com uma reflexão sobre o cancro da mama em mulheres jovens, conduzida pelo Prof. Luís Costa, Diretor do Departamento de Oncologia e do Centro de Investigação Clínica do CHULN, Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e Investigador Principal no Gulbenkian Institute of Molecular Medicine (GIMM-Care). Reconhecido pela sua vasta experiência clínica e científica, e pela fundação Breast Cancer in Young Women Foundation (BCYW), da qual é diretor, onde tem sido uma voz ativa na sensibilização para as múltiplas dimensões da doença.

Ao longo dos últimos anos, o Prof. Luís Costa tem salientado publicamente que “o cancro da mama em mulheres jovens representa mais do que um problema médico, é também uma questão social que afeta projetos de vida, escolhas familiares, profissionais e emocionais.”

De acordo com o próprio, “valorizar os testemunhos das doentes e criar espaços onde possam falar abertamente sobre os seus medos e dúvidas é essencial para quebrar o isolamento e construir soluções mais inclusivas e personalizadas.”

À frente da BCYW Foundation, o Prof. Luís Costa tem promovido iniciativas de envolvimento direto da comunidade: “A colaboração entre cidadãos, instituições e profissionais de saúde é indispensável para garantir que as mulheres jovens com cancro da mama têm acesso a apoio psicológico, recursos práticos e redes onde podem encontrar compreensão e força.”

No âmbito do Dia C, sublinha: “O cancro da mama em mulheres jovens continua a ser um desafio clínico e social. Estas mulheres enfrentam questões muito particulares, relacionadas com fertilidade, carreira e família, que se somam ao impacto físico e emocional da doença. É uma realidade que exige respostas específicas e diferenciadas, tanto do ponto de vista clínico como do ponto de vista de apoio e acompanhamento. Para além da ciência, é igualmente essencial dar espaço à partilha, à escuta e ao diálogo. Criar momentos como o Dia C significa trazer estas preocupações para o centro da discussão, valorizar a experiência de cada mulher e garantir que não ficam silenciadas num percurso que é profundamente transformador”, afirma o Prof. Luís Costa.

A Liga Portuguesa Contra o Cancro marcará também presença na iniciativa, cuja missão é reforçada no evento: “Com a presença no Dia C reafirmamos o nosso compromisso em apoiar todos os que enfrentam o cancro da mama. Acreditamos que o acesso a informação fidedigna e aconselhamento especializado, apoio emocional e recursos práticos são essenciais para enfrentar a doença com mais confiança e segurança.  Esta iniciativa representa exatamente isso, um espaço de comunidade, de partilha e de proximidade, onde se promove o conhecimento e se reforça que a entreajuda também é uma forma de cuidado.”, afirma o Dr. Vitor Veloso, Presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro.

A atriz e psicóloga Carla Andrino junta-se também ao evento para dar voz aos milhares de mulheres que passaram e passam pela jornada da doença numa perspetiva de reduzir estigmas e receios: “Enquanto mulher e cidadã, acredito que falar abertamente sobre o cancro da mama pode ajudar a reduzir medos e preconceitos a ele associados.” E reforça: “O Dia C é especial porque mostra que a informação, a partilha e a solidariedade são tão importantes como todas as outras vertentes do tratamento. Ao juntarmos ciência e comunidade é mais fácil conseguir-se transformar o olhar sobre a doença.”

Para fechar o dia, a Dr.ª Fátima Cardoso, o Prof. Doutor Luís Costa e o moderador Dr. João Vasco Barreira vão sentar-se para responder a um Fact Check: ‘É mesmo verdade o que li?’.

Para além das sessões temáticas, a 2.ª edição do Dia C contará ainda com um mercadinho, onde estarão presentes marcas e projetos que oferecem e apresentam produtos e serviços pensados para apoiar estas mulheres na sua jornada.

O encontro tem início às 10h00 e encerramento previsto para as 16h30 e, pela primeira vez, será também transmitido online, permitindo a participação de toda a comunidade. A inscrição é gratuita e pode ser feita através do link: https://forms.office.com/e/sg7nzq3wby

Referências

1.OECD/European Commission. Portugal – Perfil Europeu sobre Cancro 2025. Sistema Europeu de Informação sobre o Cancro (ECIS). Paris: OECD Publishing, 2025. Disponível em: https://www.oecd.org/content/dam/oecd/pt/publications/reports/2025/02/eu-country-cancer-profile-portugal-2025_699bde59/ffdcd7a9-pt.pdf [consultado em setembro 2025]

 

 

 

 

 

CRÓNICAS DA TABANCA: Novas Tecnologias ao serviço da Assembleia Municipal de Nisa *

 


Como o tempo passa… já estamos no fim do ano!

Em política,  o tempo também é bom  companheiro, porque  ajuda­-nos a clarificar e a limpar alguns pensamentos  preconcebidos  e  enraizados  nas  nossas  mentes,  pouco  habituadas  ao arejamento, assim como, pouco preparadas para o surgimento de ideias “novas”, “diferentes” e inovadoras, que possam por aí aparecer.

E vem  isto  tudo  a propósito  dessas mesmas ideias  “novas”, ou talvez não, alguns preferem chamar de inovadoras, eu por mim ficaria mais, pelo conceito fazer “diferente”, porque é disso mesmo que se trata.

Como  estamos a entrar  numa época  em  que homens  e mulheres  de  boa vontade, trazem à superfície terrestre  uma  nova forma  de  comportamento, mais tolerante e mais solidária para com o próximo, não custa nada aproveitar a data e sugerir algumas alterações, inovações ou como diz  o  outro  “fazer diferente”, na divulgação  das atas  e  do funcionamento  dos órgãos municipais, principalmente da Assembleia  Municipal.

Sabemos que, o cidadão é o principal pilar de uma democracia participativa, mas como todos verificamos  tem­-se  afastado  cada  vez  mais  da  esfera  politica,  e  por  conseguinte  da  sua participação  cívica,  deixando  o  seu  lugar  vago,  abandonado,  e  empobrecendo  a  própria democracia.

 E para inverter este rumo, propõem-­se pequenas alterações ao funcionamento da Assembleia Municipal, usando para esse fim, as ferramentas das novas tecnologias ao seu dispor:

1. Gravação digital (sonora) das sessões e divulgá-­las através do sistema de Podcast;

2. Sessões comemorativas – com transmissão em livestream, através da internet;

3. Possibilidade  de  intervenção  através  de  videoconferência aos  cidadãos, que  não se podem deslocar à mesma;

4. Criar uma página oficial no facebook, para divulgação das suas atividades;

5. Fazer um  “selfie” (autorretrato)  dos membros da Assembleia Municipal,  para todos conhecerem os seus representantes.

Bem  sei,  são  apenas  cinco  pequenas  ideias,  talvez  até  loucas,  mas  que  podem  fazer  a diferença, entre a participação ou não dos cidadãos, na vida democrática deste município do interior. Os tempos são de mudança, e se assim é, que seja para melhor! E aliando a inovação à criatividade, os resultados podem ser surpreendentes. Experimentem!

NOTA: Assim escrevia o “Zézinho” do fato feito à medida, em Novembro de 2013.

É só comparar o “escrivido” com a mordaça imposta, as Actas da Assembleia ao fim de um ano, a propaganda de uma nota só, a comunicação enviesada e repleta de mentiras dos executivos que se seguiram a essa data.

Pois é, Zézinho. Cantas bem mas não me alegras. Aliás, depois de tanta prosa poética, enfiaste-te num canto, bem escondido, de onde só sais quando a madame toca a corneta para as fotos e as selfies da ordem. Tem juízo, pá. Se não sabes cantar, não cantes, porque a tua música, a do tachinho, já nós conhecemos de ginjeira.

 Hoji Ya Henda

PORTALEGRE: XI Encontro Ibérico de Coros


O Orfeão de Portalegre organiza o XI Encontro Ibérico de Coros, no próximo dia 18 de Outubro, pelas 16:30 horas, no Auditório da Igreja da Misericórdia da cidade.
Ao lado da agremiação  portalegrense atuará o Coral de Santa Cecília de Villafranca de los Barros (Badajoz). 

HUMOR EM TEMPO DE CÓLERA

 

Absolvida - Cartoon de Henrique Monteiro in https://henricartoon.blogs.sapo.pt

NISA E BENFICA: Almoço Comemorativo de Sócios - 90 Anos.

 


5.10.25

NA LE! QUERI LA VEU. NAN HA CAMINETAS PRA FERA!


 ALPALHÃO E TOLOSA: Sem direito a autocarro municipal para a Feira de Nisa

No próximo domingo realizam-se as eleições para os órgãos das Autarquias Locais (Câmara, Assembleia Municipal e Assembleias de Freguesia). Há também Feira em Nisa, a designada Feira de Outubro ou de S. Miguel.

É a última feira do mandato e deste ciclo autárquico liderado por Idalina Trindade. Há dez anos esta  “singular” figura, sem dizer água vai, acabou com a disponibilização do autocarro municipal às freguesias de Alpalhão e Tolosa, as mais populosas fora da sede do concelho. O motivo, justificou a edil teria a ver com o facto de o autocarro ter passado por aquelas localidades e não haver passageiros para transportar. Esta “justificação” foi plenamente desmentida em tribunal quando os motoristas confirmaram que situações iguais ocorreram noutras povoações do concelho, sem que, contudo, o autocarro municipal deixasse de voltar a percorrer esses trajectos. O móbil da mentira caía, assim, pela base. O que aconteceu, então?

No mandato de 2013-2017 as freguesias de Alpalhão e Tolosa eram de maioria CDU. Este o motivo principal: a vingança, sustentada no argumento da falta de passageiros.

Mas, se não houve passageiros para o autocarro numa das feiras, nada obstaria a que na feira seguinte, reforçados os meios de informação (tá quieto, maluco…) o autocarro voltasse ao percurso delineado de início. Mas não.  Estava encontrado uma “justificação”, um “bode expiatório” e a birrinha da “senhora” prosseguiu durante dez anos. Dez anos, não é brincadeira. Dez anos, a discriminar habitantes de duas povoações. Dez anos, a dizer-lhes, como um ferrete cravado, que quem mandava nesta quinta, neste pedaço da Herdade da Açafa, era ela, Idalina Trindade, generosa samaritana que se ufana de oferecer ambulâncias, pagas pelo erário público (todos nós) em nome da Santíssima Trindade. Vergonha. O Poder Local chegou a este estado de decadência.

Chegámos, também ao final do mandato e de ciclo autárquico. Não serei dos que direi: volta Idalina, estás perdoada!

Não estás. Nem de longe nem de perto. O que fizeste, durante 10 anos aos habitantes de Tolosa e Alpalhão, a birrinha vingativa, a discriminação que alimentaste durante todo este tempo, não tem perdão. Como não tem perdão o que fizeste, com a cumplicidade de quem concorre agora à Câmara pelo teu partido, ao povo da aldeia de Pé da Serra, principalmente aos moradores da Rua das Carretas. Tu e o teu partido se tivessem, ainda, uma réstia de vergonha, não andavam a falar em “aldeia de sonho”. Esqueceste-te que lhes roubaste, não o sonho, mas o direito a terem uma rua, a principal na entrada da aldeia, em condições, transitável em segurança e não esburacada e com obras que não quiseste mandar fazer durante três anos. Três anos! As tuas birrinhas autárquicas são longas e nem a presença de um “consultor” montesinho a teu lado, conseguiu que uma obra necessária, urgente e de pequeno investimento se concretizasse em tempo de lei.

Depois, quiseste recuperar o engano cometido. E cometeste outro ainda maior: o de pensares, como pensas, que as pessoas não têm memória e que não distinguem curvas e contra curvas de rectas. As tuas rectas das verdades que não dizes e das outras que escondes, que os munícipes são obrigados a decifrar. Os teus mandatos dão para escrever um livro e o título (entre tantos) nem será difícil: “Autocarros, Carretas e Mentiras”.

·        Mário Mendes

 

 

 

 

Lucélia Santos: “A floresta vai parar de respirar, ela vai morrer, e isto não é alarmismo”

A actriz da Escrava Isaura é activista ambiental no Brasil há décadas. Amiga do líder assassinado Chico Mendes, fez uma peça sobre ele. Em Setembro, Lucélia Santos veio a Lisboa, ao Festival Todos. Na memória de tantos, ela será sempre a Escrava Isaura, da telenovela brasileira homónima que fascinou Portugal no ano de 1978 — e continuou, desde então, a fascinar o mundo inteiro. Adaptação do romance de Bernardo Guimarães, a novela que conta o drama de Isaura, uma escrava branca no Brasil do século XIX, foi vista em mais de 100 países, tendo sido a primeira exibida na ex-União Soviética e levando, inclusivamente, à decisão de Fidel Castro de suspender o racionamento de energia em Cuba à hora da transmissão e a uma trégua nos combates na guerra da Bósnia, em 1995, para que as pessoas pudessem ver o último episódio.

Mas Lucélia Santos, a actriz que encarnou Isaura nos anos 1970, tem uma carreira muitíssimo mais vasta (é, por exemplo, a maior intérprete no cinema da obra do escritor Nelson Rodrigues) e é uma importante activista da causa ambiental no Brasil há muitas décadas. Foi uma das fundadoras do Partido Verde brasileiro e tornou-se amiga de Chico Mendes, o seringueiro de Xapuri, grande rosto da luta em defesa da floresta, assassinado em 1988.

É a partir de Chico Mendes, e de uma entrevista que lhe fez poucos meses antes de morrer, que Lucélia Santos construiu o espectáculo Vozes da Floresta, actualmente em digressão pelo Brasil. O Festival Todos, que se realiza em Lisboa, com epicentro no bairro de Arroios, entre 12 e 14 de Setembro, planeia trazer o espectáculo a Portugal em 2026, mas, para já, este ano, traz Lucélia Santos para uma conversa sobre a luta em defesa da floresta brasileira (próximo dia 13, Biblioteca da Escola Secundária de Camões). O Ípsilon falou com a actriz, por videochamada, no final de Julho.

Como é que se tornou uma militante da causa da Amazónia e como é que conheceu Chico Mendes?

Eu sou militante há muitos anos. O Chico, eu conheci há 40, mas desde a minha infância que eu tinha sensibilidade para estas questões. Na verdade, o que me chamou a atenção para um certo desequilíbrio da humanidade foram as questões sociais.

O Brasil estava vivendo uma ditadura militar no início dos anos 1980. Eu era menina e acompanhava com curiosidade, percebia algo de errado. Tinha parada militar na porta da casa dos meus pais, em Santo André [área metropolitana de São Paulo], onde vivíamos, que era uma zona operária. O meu pai era operário. E eu percebia que havia uma coisa profundamente fora do lugar na sociedade brasileira. Não tinha uma visão do mundo, mas tinha uma visão do local onde vivia e era inconformada porque a minha sensibilidade me apontava que aquilo ali era esquecido. Comecei a observar todos os desníveis sociais. O meu trabalho neste momento: defender o legado do Chico [Mendes]

Depois fui para o teatro, estreei-me muito nova, a minha vida foi toda muito precoce. Aos 14, 15 anos, eu já tinha identificado que o teatro era o meu lugar e que ali eu teria a minha forma de comunicação, que ali eu iria conseguir falar com os outros. Naquela época, as pessoas viravam hippies ou presos políticos, e o resto da sociedade omitia-se, tinha medo.

Aos 17 anos, mudei-me para o Rio de Janeiro e tinha uma moça amiga que era mulher de um preso político e eu comecei a acompanhar a vida dela, a ir ao presídio com ela. Houve uma greve de fome para pedir clemência para os presos políticos que estavam na Ilha Grande e trazê-los para o Rio de Janeiro. Eu participei nisso e nunca mais parei como militante. Juntei-me à Amnistia Internacional e trabalhei intensamente até que, finalmente, a gente obteve a libertação dos presos políticos do Brasil.

Eu, que já era popular por causa das novelas na TV Globo, conheci muita gente, Herbert Daniel, Fernando Gabeira, Alfredo Sirkis, abri a minha casa para essas reuniões, aqui nós fundámos o Partido Verde, e foi isso que me levou ao Chico.

Eu era vice-presidente do partido e o Chico veio ao Rio — isso está na minha peça — a convite do Sirkis para falar das reservas extractivistas da Amazónia no Acre e convidou-me para ir ao Acre dar um apoio a ele para a candidatura à reeleição no Sindicato dos Trabalhadores do Xapuri. Fui ajudar, mas também com a missão de o convencer a ser candidato pelo Partido Verde.

Lá chegando, percebi que o Chico estava correndo perigo de vida. Percebi assim que pisei no Acre que ele estava ameaçado de morte. Isso foi Maio de 1988. Em Dezembro, seis meses depois, ele foi assassinado.

Ele já tinha avisado que estava a ser ameaçado, mas não teve a protecção necessária.

Essa região é faroeste, sempre foi. Os assassinos estavam armados e rondando o Chico, prontos para o matar a qualquer momento. Eu fui ao governador da época, pedi protecção para o Chico e ele deu alguns soldados que ficaram com ele.

Ele adorava jogar dominó e estava jogando com o segurança quando foi assassinado. O segurança parou para ir jantar às seis da tarde e ele aproveitou para tomar um banho. Os banheiros lá são fora da casa, na floresta, e ele saiu pela trilhazinha que levava ao chuveiro, o cara estava ali e baleou-o. Tinha segurança, mas não funcionou.

Lucélia Santos: “A floresta vai parar de respirar, ela vai morrer, e isto não é alarmismo”

O meu trabalho era sensibilizar a imprensa para torná-lo mais conhecido no Brasil. Ele já era bastante conhecido fora, já tinha ganho prémios importantíssimos em Inglaterra, nos EUA, mas era pouco conhecido dentro do país. Quando foi assassinado, teve mais repercussão imediata lá fora, capa do New York Times, do Herald Tribune. Dias depois é que os jornais brasileiros importantes deram. Custou a cair a ficha. Mas a imprensa aqui é muito conservadora, até hoje.

Na peça, utiliza uma longa entrevista com Chico Mendes que durante muitos anos a Lucélia não teve coragem de ouvir. Como é que as palavras dele ecoam hoje?

Guardei-a porque logo em seguida ele foi assassinado. Eu não tinha condições emocionais, para mim, a morte do Chico foi um luto que só 34 anos depois eu consegui redimensionar nesse espectáculo. Essa é a história do Brasil e me atravessa até hoje. Quando você vê o que existe de debates e discussões sobre a defesa da floresta amazónica, isso tudo é fruto do nosso trabalho, é o trabalho de Chico Mendes há 40 anos. O que ainda há protegido de áreas verdes em forma de reservas extractivistas na Amazónia e noutros biomas brasileiros não existiria se não fosse ele.

Essa história ficou guardada no meu inconsciente até que, durante a pandemia — eu fiquei dois anos aqui em casa —, resolvi olhar para esse conteúdo. As fitas tinham sido gravadas em cassetes que eu já tinha transformado em MP4 e na pandemia comecei a estudar o conteúdo com o intuito de o transformar em dramaturgia. Toda a fala do Chico contando a vida dele e do movimento de defesa da Amazónia do ponto de vista dos sindicalistas e dos trabalhadores da floresta, dos extractivistas, é a base da peça. Ele fala dos primeiros assassinatos de sindicalistas, do Wilson Pinheiro, que morreu em 1980. Paralelamente, no palco, três mulheres da resistência contam a mesma história de forma dramatizada — uma delas é a mulher que fez o primeiro sindicato da Amazónia, uma mulher extraordinária, Valdiza Alencar, que saiu do meio da floresta, andou a pé três dias e três noites, sozinha, chegou a Brasileia, na fronteira com a Bolívia, pegou um ónibus para Rio Branco para encontrar um homem que podia ajudar os seringueiros a formar um sindicato. Foi ela quem empossou o Wilson Pinheiro, que foi o primeiro assassinado.

Quem está de fora ouve sempre falar dos povos indígenas e da protecção da floresta. Mas na peça os seringueiros são também “vozes da floresta”, apesar de terem vindo de outros lugares, muitos deles do Nordeste, e de haver tensões entre uns e outros. Como se joga esse equilíbrio de forças?

Não há problema em vocês não terem familiaridade com este tema. Eu faço essa peça há três anos no Brasil e ninguém conhece Chico Mendes. Estive na Uberlândia, e uma professora estava chocada porque as alunas dela, que estão se formando em História, nunca tinham ouvido falar de Chico Mendes. Esse é o meu trabalho neste momento, tornar acessível esse conhecimento e defender o legado do Chico para que ele não se perca nessa balbúrdia que são essas novas formas de comunicação nas redes sociais, onde tudo são bolhas.

O que tenho tentado demonstrar é que o Brasil tem uma história de resistência em defesa da Amazónia há mais de 40 anos, com várias lideranças importantíssimas. A Amazónia, ninguém conhece, nem nós aqui. Não existem só indígenas. Hoje você tem mais acesso ao que estes representam e à sua cultura, mas tem na Amazónia os extractivistas, seringueiros, catadores, tem os ribeirinhos, que é uma população gigante de caboclos e pessoas locais que nasceram lá e defendem os rios e florestas. São inúmeras comunidades à beira dos rios, com acesso dificílimo a qualquer terra. Você tem os quilombolas, você tem comunidades gigantes, com culturas gigantes e pouco conhecidas. Porque nós temos este problema da miopia ocidental que acha que tudo começa no nosso umbigo.

Essa grande potência que nós somos só vai manifestar-se na sua plenitude quando percebermos que somos isso, somos indígenas, sim, caboclos, ribeirinhos, quilombolas. Somos negros. E a floresta só está em pé ainda por causa desses povos locais. Eles são os únicos capazes de viver lá dentro e só vivendo lá dentro você consegue manter a floresta de pé.

Há “centenas de milhares de Isauras, pessoas que estão sofrendo por opressão, seja cultural, seja sexual, seja emocional”

Em relação à disputa entre os seringueiros e os indígenas, isso é um facto, durante muitos anos havia uma briga interna, eles se tratavam como inimigos. E foi também o Chico Mendes, com o [líder indígena] Ailton Krenak, que criou a Aliança dos Povos da Floresta, para unir os movimentos de defesa da floresta.

Qual é a situação hoje? Os líderes actuais estão também sob ameaça?

A situação está ruim. No período do [Presidente Jair] Bolsonaro a situação piorou muito porque ele armou ainda mais o povo lá no Norte, que já era armado. Se você hoje pegar esses nichos de garimpeiros, de madeireiros, de povos que exploram a floresta, eles estão armados até aos dentes. O que já havia de conflito se ampliou, o que havia de mortes e assassinatos aumentou. Eu termino o meu espectáculo com o inventário dos mortos. São mais de 400 assassinados nos últimos dez anos, segundo os dados da Pastoral da Terra.

As reservas extractivistas, que protegem áreas gigantes de floresta, estão invadidas por gente do agronegócio. Antes, eles invadiam aliciando os seringueiros com umas cabecinhas de gado. Agora, recentíssimo, pegaram uma quantidade gigantesca de gado dentro da reserva extractivista Chico Mendes. Já é uma invasão do agro.

A resistir, temos agora duas lideranças, o Raimundão, que estava lá há 40 anos, está com 92 anos, primo do Chico e personagem da minha peça e que está ameaçado de morte. E o Júlio Barbosa, que é o presidente do comité nacional dos seringueiros.

Foi recentemente aprovado pelo Senado aquele a que os ambientalistas chamam PL da Devastação (projecto de lei que flexibiliza as regras para o licenciamento ambiental no Brasil). Ainda têm esperança de que haja um recuo?

A única esperança é o [Presidente] Lula [da Silva], é o executivo vetar [no início de Agosto, já depois da realização desta entrevista, Lula vetou 63 dos quase 400 artigos do projecto de lei, mas os ambientalistas afirmam que a nova legislação continua a representar um perigo]. O Lula está muito pressionado pelo agro [agronegócio]. Eu não sei até que ponto a gente vai conseguir pressionar o suficiente para ele ser convencido da importância histórica de vetar isso. Isso é a destruição total. Com esse PL, vai acontecer muito rapidamente: a devastação, a invasão para exploração de petróleo na bacia hídrica da Amazónia, a expulsão dos povos indígenas. Isso é o fim do Brasil. E se destruírem a Amazónia, é o fim da humanidade. A gente já está num ponto em que a floresta mal consegue fazer o trabalho dela. A floresta vai parar de respirar, ela vai morrer, e isso não é alarmismo.

Para terminar, não posso deixar de falar da Escrava Isaura. Apesar de ser de 1976, a telenovela continua a ser uma referência em muitos países e a ter impacto, até político. Como explica isso?

A Escrava Isaura tem todos os ingredientes de um clássico: uma pessoa muito pura e pequena sendo oprimida de uma forma que ela não tem forças para resistir. Essa história está viva hoje na humanidade em todas as culturas, diariamente, em qualquer lugar do mundo. Se fizer um corte vertical na sociedade, você vai encontrar centenas de milhares de Isauras, pessoas que estão sofrendo por opressão, seja cultural, seja sexual, seja emocional. Geralmente, os opressores são poderosos, são instituições, é o poder económico. Há milhões de Isauras vivas, por isso a novela continua a repercutir e vai repercutir sempre.  *********

 A actriz da Escrava Isaura é activista ambiental no Brasil há décadas. Amiga do líder assassinado Chico Mendes, fez uma peça sobre ele. Em Setembro, Lucélia Santos vem a Lisboa, ao Festival Todos.

CASTELO DE VIDE: Nova Carta Arqueológica do Concelho apresentada


👉 Foi apresentada na passada quarta-feira, dia 1 de outubro, no Salão Nobre dos Paços do Concelho a Nova Carta Arqueológica do Concelho de Castelo de Vide, da autoria de Sara Prata e Fabián Cuesta Gómez.

A sessão, aberta à comunidade, contou com intervenções do Presidente da Câmara Municipal, António Pita, e de Catarina Tente, Diretora do Instituto de Estudos Medievais da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

📖 A Nova Carta, um documento que possibilita conhecer melhor a riqueza arqueológica do nosso território, foi apresentada pela autora, a arqueóloga Sara Prata, dando a conhecer um importante instrumento de conhecimento, valorização e preservação do nosso património histórico e cultura

Escândalo em Nisa: candidato socialista à Câmara Municipal deixa eleitora em estado de ansiedade na sequência de alegadas provocações verbais


O assunto está a incendiar as redes sociais. Margarida Oliveira, munícipe de Nisa, utilizou a rede social Facebook para denunciar e relatar um episódio da campanha eleitoral para as Eleições Autárquicas protagonizado pela mãe, Maria da Luz Oliveira, e o candidato do Partido Socialista à presidência da Câmara, José Dinis Serra.

Através de um vídeo, que já leva cerca de 60 mil visualizações, Margarida Oliveira dá conta da abordagem do candidato socialista à mãe, comerciante, no decurso de uma ação de campanha realizada na vila. Maria da Luz terá sido brindada com a oferta de folhetos da propaganda, acompanhados da sugestão de os “meter no lixo”, no caso de não lhe suscitarem interesse. Surpreendida, a eleitora terá aceitado, embora mostrando-se estupefacta e incomodada com a observação. O candidato justificou, revelando melindre com declarações e acusações proferidas a seu respeito no Facebook. Maria da Luz  negou, garantindo que não tem perfil na rede social.

A conversa prosseguiu com Dinis Serra a acabar por seguir o seu caminho a pedido de algumas das pessoas que o acompanhavam, alegadamente, deixando para trás Maria da Luz, de 73 anos, em estado de ansiedade, amparada por elementos da comitiva.

Marco Oliveira, filho de Maria da Luz, juntou-se à irmã emitindo uma nota no Facebook onde expressa igual indignação.

https://linhasdeelvas.pt/2025/10/04/escandalo-em-nisa-candidato-socialista-a-camara-municipal-deixa-municipe-em-estado-de-ansiedade-na-sequencia-de-alegadas-provocacoes-verbais/

 

4.10.25

Sport Nisa e Benfica: 90 anos entre os pontapés na bola e os bailes no “Galocha”.

 


O Sport Nisa e Benfica comemora 90 anos de existência. Mais que um clube desportivo, a colectividade foi, durante muitos anos, a casa das classes pobres de Nisa, que se juntavam nos populares bailes do “Galocha”. Uma época em que as associações espelhavam as divisões “classistas” da vila. Hoje, lembramos um pouco da sua longa vida e abrimos a janela para o futuro que a nova direcção pretende construir.

* Mário Mendes

As rivalidades com o Sporting

A sua história remonta a 1935, quando um grupo de jovens, no auge das rivalidades locais com a filial nisense do Sporting, tomou a iniciativa de “romper” com as estruturas existentes e de criar uma nova colectividade.

A fundação do clube, em 1 de Outubro de 1935 com o nome inicial de Sport Lisboa e Nisa, deu corpo ao sonho dos nisenses Isaac Araújo Baptista, José da Piedade Pires, Esteves da Anunciada Cebola e António Maria Carolo.

Em 13 de Janeiro de 1936, é eleita a primeira direcção, dela fazendo parte: o médico António Granja, José da Piedade Pires, Vicente Fernandes Nogueira, Eduardo Dinis Filipe, Esteves da Anunciada Cebola, José da Graça Sena, José Carita Serralha, João da Cruz Charrinho, Virgílio Pinheiro e António Semedo da Piedade.

A primeira sede instalou-se numa casa alugada na Rua da Fonte; anos mais tarde e também por arrendamento, transferiu-se para instalações muito mais amplas, na Estrada de Alpalhão, onde tinham lugar, em datas certas, grandes bailes populares, iniciativas destinadas a obter de receitas para o clube e principal razão de angariação de sócios.

Os jogos da bola e os bailes no “Galocha”

No início eram os jogos de futebol com o rival Sporting, sem qualquer espírito de competição oficial. Os bailes populares constituíam as mais importantes manifestações colectivas num tempo em que na vila (e no país) as colectividades espelhavam a divisão inter-classista existente e por isso os bailes no Benfica eram conhecidos como os bailes do “Galocha”, para vincar o seu carácter profundamente popular e rural (dos trabalhadores do campo) em compita com outras agremiações como a Sociedade Artística (dos artistas e que incluía todos os artesãos, à excepção dos trabalhadores rurais) ou o Clube Nisense, “poiso” de uma burguesia local e regional, que não admitia “misturas”. Com este quadro, fácil é perceber que o Nisa e Benfica fosse a associação com maior número de sócios e também de actividades, e profundamente enraizada entre a população.

O atletismo praticou-se durante alguns anos, bem como o ciclismo, uma modalidade muito popular durante os anos cinquenta e sessenta do século passado. É no início da década de 60 que o Sport Nisa e Benfica participa pela primeira vez em provas oficiais de futebol. Aos “distritais” de seniores, seguiram-se os juniores, os principiantes, e todas as demais categorias do futebol jovem, não só a nível distrital, mas também nacional, em seniores (3.ª Divisão) e juniores (campeonato nacional) numa caminhada que não mais parou e que todos os anos se renova, tanto a nível de novos atletas, como nas provas e objectivos com que se participa. Entre estes e num concelho que sofre os problemas da interioridade e da desertificação, assume relevo a ocupação salutar das crianças e dos jovens, a educação no espírito e respeito pelo “fair play”, valores alternativos aos mundos subterrâneos da droga e do vício e que, geralmente, constituem becos sem saída.

A par do futebol, o Sport Nisa Benfica manteve em actividade, secções de cicloturismo, andebol e futsal, funcionando como secções autónomas e sem encargos para o clube. De relevo, o papel preponderante na dinamização e realização do primeiro campeonato distrital de futsal na época de 1999-2000, título que conquistou, tendo sido, um dos precursores desta modalidade, hoje tão popular no distrito. Momento histórico, foi a conquista do título de campeão nacional júnior de corta-matopor Ricardo Mateus em 2007, atleta que representou Portugal nos Campeonatos Mundiais, em Mombaça (Quénia) e seria o melhor representante português.

O clube mantém em actividade uma equipa de futebol de veteranos que percorrem o país, com total autonomia e auto financiamento. Além destas actividades e num espírito recreativo, são organizados, regularmente torneios de pesca desportiva ou de futsal e outras iniciativas, visando a obtenção de fundos, a dinamização desportiva e o convívio entre sócios.

Valorização do património

O Sport Nisa e Benfica dispõe de sede própria na Rua 25 de Abril, e do Campo de Jogos de D. Maria Gabriela Vieira, a benemérita nisense que doou ao clube, sem qualquer contrapartida, a propriedade, onde está implantado o campo de futebol (105x65 m) balneários e anexos de ampla dimensão. A reconstrução do imóvel na Rua 25 de Abril, onde este se instalou há muitos anos é hoje uma realidade, passando a dispor de melhores condições para os sócios e para a população que utiliza o salão para a realização de diversas festas de convívio ou familiares.

A valorização do património não tem sido esquecida pelos diversos elencos directivos que têm gerido o clube. Em 5 de Outubro de 1998 foi inaugurada a primeira fase da bancada (lateral). No Verão de 2000 foi dado início à construção da bancada central no Campo de Jogos, incluindo a mesma uma cabine para a comunicação social. A instalação de um piso sintético substituindo o de terra batida, obra de parceria com a Câmara Municipal, muito veio beneficiar o rectângulo de jogos, tendo o clube nos últimos anos dedicado especial atenção aos escalões de formação.

Uma melhoria significativa no conjunto de estruturas e equipamentos do Nisa e Benfica que, entretanto, passou a ser a 9ª filial do SLB e foram conseguidos por força de uma enorme dedicação e determinação.

“Acordar o gigante adormecido”

É um slogan de campanha e o mote dos objectivos dos novos corpos gerentes do SNB eleitos recentemente e que pretendem reactivar a equipa de futebol sénior. 

“ Queremos recuperar a ligação com a comunidade – dizem-nos Hélder Dias e João Zacarias, presidente e vice-presidente do clube, “de modo a mostrar que estamos ativos e precisamos de todos para que o clube dê o próximo passo.”

“É necessário reforçar a transparência e a profissionalização da gestão, com uma prestação de contas periódica, e criação de departamentos (futebol, formação, financeiro, eventos, marketing, sócios). Apostar numa identidade forte para mobilizar sócios, ex-atletas e patrocinadores. Criar um plano desportivo integrado: formação (base), transição (juvenis e seniores) e retorno dos seniores com objetivos faseados e realistas.” Os dois dirigentes têm consciência das dificuldades na criação de uma equipa de futebol sénior, mas não baixam os braços: “Sabemos que o contexto distrital tem vindo a perder equipas e que o interior enfrenta o problema da desertificação. Por isso a nossa abordagem écautelosa. Foi feito um diagnóstico rigoroso: levantamento dos custos reais (logística, inscrições, arbitragem, seguros e transportes), e das receitas potenciais para os suportar (subsídios/patrocínios anuais, quotas, bilhetes para jogos, e receitas de eventos). Temos também a noção de que não conseguimos neste ano lutar por uma subida. O plano é arrancar com uma equipa sénior, enfrentando um ano zero neste escalão, criando uma base para no futuro conseguirmos elevar a fasquia e ir de encontro aos pergaminhos deste grande Clube. “

Sobre os 90 anos de existência do clube, o momento é de grande optimismo. “Vemos o Sport Nisa e Benfica como uma referência desportiva e social no distrito: com uma estrutura desportiva sólida (escalões competitivos e uma equipa sénior sustentável); Infra-estruturas melhoradas e um espaço de encontro comunitário, finanças equilibradas, com diversificação de receitas e patrocínios locais/regionais bem estabelecidos, um projecto de formação reconhecido na região, capaz de formar jogadores e também cidadãos e, também, um papel ativo na valorização de Nisa, atraindo eventos e parcerias que beneficiem toda a comunidade. Em suma: um clube vivo, sustentável e orgulhoso da sua história, preparado para os próximos anos.”

Um rico historial

1975/76 – Campeão Distrital de Futebol (seniores)

1976/77 – Participação no Campeonato Nacional da 3ª Divisão

1977/78 – Campeão Distrital de Futebol (seniores)

1978/79 – Participação no Campeonato Nacional da 3ª Divisão

1979/80 – Campeão Distrital de Futebol (seniores)

1980/81 – Participação no Campeonato Nacional da 3ª Divisão

1981/82 – Campeão Distrital de Futebol (seniores)

1982/85 – Participação no Campeonato Nacional da 3ª Divisão

1986/87 - Campeão Distrital de Futebol (seniores)

1987/88 – Participação no Campeonato Nacional da 3ª Divisão

1998/99 - Campeão Distrital de Futebol (seniores) – 2ª Divisão

1998/99 – Vencedor da Taça AFP (seniores)

1999/00 - Campeão Distrital de Futsal (seniores)

2000/01 – Participação no Campeonato Nacional de Futsal (3ª Divisão)

2002/03 – Campeão Distrital Infantis

2003/04 – Vencedor da Taça AFP (Infantis)

2003/04/05/06 – Vencedor da Taça AFP Iniciados

2004/2005 – Vencedor da Taça AFP Juvenis

2007 – Ricardo Mateus em representação do Sport Nisa e Benfica é campeão




NOTA: Este artigo era para integrar a edição de Outubro do "Alentejo Ilustrado", o que não foi possível devido ao trabalho que o mensário teve de dedicar às eleições autárquicas. Espero que seja integrado numa próxima edição. De qualquer modo e para não se distanciar da data do 90º aniversário do Sport Nisa e Benfica publicamo-lo, aqui e na íntegra, com maior profusão de imagens, até. Parabéns ao Sport Nisa e Benfica, o clube da nossa terra.

Alimentação e doença renal: Escolhas que fazem a diferença


O Dia Mundial da Alimentação, comemorado sempre a 16 de outubro, foi criado em 1979 pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) com os objetivos de sensibilizar a população mundial para as desigualdades de acesso a alimentos seguros e nutritivos e destacar a importância da agricultura e dos diferentes sistemas agroalimentares.

Este ano o tema é “De mãos dadas por alimentos melhores e um futuro melhor" e apela à colaboração de todos (governos, organizações, diferentes setores e comunidades) para transformar os sistemas agroalimentares e garantir que todos tenham acesso a uma alimentação saudável, com qualidade nutritiva sem comprometer a sustentabilidade dos ecossistemas.

Como podemos levar esta mensagem às nossas casas e aplicá-la no nosso quotidiano, convivendo com a doença renal? A alimentação é fulcral para a prevenção e controlo na progressão da doença, por isso as escolhas alimentares diárias e adequadas ao contexto clínico e individual podem melhorar a qualidade de vida e até, em estadios iniciais, retardar a progressão da doença. A redução do consumo de sal e de produtos processados, o ajuste da ingestão proteica e o controlo da ingestão de potássio e fósforo são pontos essenciais para reduzir complicações clínicas. A garantia de acesso equitativo a todos os doentes renais de alimentos seguros, nutritivos e adequados é também parte importante do tratamento. O incentivo ao consumo de produtos frescos, sazonais e de origem local é uma ação importante que cada um de nós pode e deve ter. Se priorizarmos dietas que combinam ganhos em saúde com sustentabilidade (menor desperdício e escolhas conscientes) teremos um futuro ambientalmente equilibrado.

A responsabilização nesta temática não pode ser só individual, todos temos de estar unidos nesta missão. Para tal, é importante que o poder político se alie às escolas, empresas do setor agroalimentar, profissionais de saúde e famílias para garantir que se cumpre o que é emergente e necessário. “De mãos dadas” representa a importância de todos, em conjunto, fazermos escolhas que garantam o nosso futuro, mas também o do nosso planeta.

No caso da doença renal, doentes, profissionais de saúde e sociedade podem transformar a nutrição numa aliada poderosa no cuidado da saúde, garantindo não apenas alimentos melhores, mas também um futuro com mais vida e qualidade.

Neste dia tão importante, não se esqueça que escolher e partilhar alimentos melhores é um passo essencial para construirmos juntos um futuro mais saudável e sustentável para todos.

* Inês Moreira, coordenadora do serviço de nutrição da DaVita Portugal